segunda-feira, 19 de março de 2012

NAZARÉ


Homenagem - 80 anos de Nazaré







“Nada termina até o momento em que se deixa de tentar. Nazaré teima em tentar com a vida mesmo fugindo os sentidos.”

Essa reunião é mais uma forma de celebrar a vida. A vida de Nazaré que por longas décadas atravessou caminhos sinuosos com paciência e resignação. Não é fácil expressar com palavras a dimensão dos obstáculos enfrentados por ela ao longo de sua vida. Uma infância devotada às tarefas domésticas para ajudar seus pais na condução de granjear uma família numerosa. Sendo ela a mais velha foi babá da maioria de seus irmãos, além do trabalho árduo da roça, ela foi professora de catequese e também costureira da família. Catequisou seus irmãos e muitas outras crianças que residiam aos arredores no Sítio Tapera.

Como costureira curiosa, ela era muito meticulosa, mesmo sem os recursos necessários, costurava todo tipo de roupas, até paletó de linho ela chegou a confeccionar; apenas com um rápido curso que fez em Cedro, convidada por sua irmã Rosinha de Pedrinho.

Muito obediente aos pais, Nazaré pautou sua vida com muita retidão. Personalidade forte, não fazia distinção para nenhuma pessoa do seu convívio. Era a filha estremada de Guilhermina e Ioiô, por ser muito obediente. Carrega consigo o dom de uma mártir.

Vocacionada para a vida religiosa, seu desejo não se consolidou. Sua carreira foi tolhida por caprichos de seu pai. Suplantou seu maior sonho para cumprir obediência. Carregou este desengano pela vida a fora por não realizar-se como freira.

Sendo ela amiga de Ilza Machado, uma congregada religiosa, sublimou seu desejo dedicando-se a Irmandade de “Filhas de Maria”, junto a sua grande amiga, devotando a vida com trabalhos pastorais e retiros espirituais, em Lavras.

Na sua vida predestinada para o sofrimento, ainda jovem, Nazaré foi vítima de uma doença discriminatória que maculou sua vida, sua história, um estigma infame que perdurou por muitos anos, contudo, sobreviveu com resignação.

Sabemos que Deus nunca nos abandona. Nazaré experimentou por um curto período a alegria de realizar um sonho oculto. Casar-se. Ela contraiu núpcias com José Machado, essa prerrogativa durou pouco tempo, ao completar nove anos de casados, Deus logo levou o seu amado José.

É confortante, gratificante e muito honroso, o gesto generoso de Toinha e sua filha Laene e esposo Eriberto, que hoje estão amparando-a, diante do quadro que ela se apresenta, e ainda as cuidadoras: Cícera e Valmira e Fátima, que se dedicam aos cuidados da higiene tão necessária, dela e da casa. Com certeza, ela sente-se agraciada, como todos nós.

Nazaré: gostaria de estar hoje com você, para celebrarmos juntas as experiências dolorosas e gloriosas de muitos anos na Tapera e Fortaleza, pois, acompanhando-a observei que você procurava sempre aceitar com resignação todos os percalços e muito sofrimento. Parabéns minha irmã pelo teu espírito forte! Deus acompanhe em todos os momentos, bem como os que cuidam de você.

“A vida é um infindo buscar

ante frágil arquitetura,

ou um rebuscar

do sonho

posto em tijolos

de macias esperanças”.

Giselda Medeiros.

Sinta-se abraçada por sua irmã Roseli.

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