terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O Violonista Francisco Araújo
Dimas Macedo
Caracteriza-se o município de Lavras da Mangabeira pelos filhos ilustres que deu ao Ceará e ao Brasil. Dali alçaram vôos meninos sonhadores e inquietos que mais tarde se projetariam nas mais diferentes atividades humanas.
Escritores de destaque, políticos influentes, magistrados de renome, cientistas e artistas plásticos de projeção internacional: eis um retrato sem retoques daquilo que é de fato e de direito a memorável terra onde nasci.
No campo da música, as contribuições de Gilberto Milfont e Nonato Luiz são irrecusáveis, especialmente porque o primeiro foi coroado com o título de maior seresteiro do Brasil e, o segundo, com o privilégio de ser um dos maiores violonistas do mundo.
O grande compositor, solista, instrumentista e arranjador brasileiro Francisco Araújo, é também filho do glorioso município de Lavras, porque ali nasceu aos 12 de abril de 1954.
Natural do sítio Caixa D’água, distrito de Quitaiús, Francisco Alexandre Araújo é descendente de uma família de músicos, sendo filho de Estevão Cipriano de Araújo e Pedrina Alexandre Oliveira e neto, pelo lado materno, de Henrique Alexandre Ferreira e Maria Gomes de Oliveira.
Seu avô paterno, Manuel Pessoa de Araújo, era natural da Paraíba e primo do ex-presidente da República Epitácio Pessoa, mas em face da sua condição de andarilho, veio a fixar residência nas margens do Riacho do Rosário. A sua condição de latifundiário, contudo, não chegou a pesar na formação de Estevão Cipriano, que incutiu nos filhos o amor pela música e pelas coisas mais belas do espírito.
Francisco estudou as primeiras letras em sua terra natal, mas a família mudou-se muito cedo para São Paulo, face à intuição visionária de Estevão Cipriano que queria um futuro promissor para os filhos, iniciando Francisco Araújo os estudos de música aos doze anos de idade.
Desde muito cedo foi influenciado pelo refinado gosto musical que lhe foi transmitido pelo pai, que era um exímio solista de violão e cavaquinho e colecionador de um seleto arquivo de gravações, tanto de música instrumental brasileira direcionada para o repertório do violão, quanto de produções musicais de outros instrumentistas, cantores e intérpretes.
Apesar de possuir um invejável domínio técnico do violão, Estevão Cipriano não tinha conhecimento de teoria musical, e quando percebeu a manifestação espontânea do talento musical do filho, decidiu procurar o professor e violonista José Alves da Silva, conhecido pelo pseudônimo de Aimoré.
Foi sob a orientação desse professor que Francisco Araújo ampliou seus conhecimentos técnicos relativos ao violão e estudou teoria musical, solfejo e harmonia aplicada ao violão, debruçando-se então sobre a literatura que remarca a teoria do violão erudito, incluindo autores como Mauro Giuliani, F. Tárrega e Agustín Bárrios, e no mais pesquisando a obra de virtuoses do violão brasileiro, da estirpe de Garoto, Laurindo de Almeida, Dilermando Reis, Baden Powell, Villa-Lôbos e Paulinho Nogueira.
A primorosa orientação do Mestre Aimoré, foi quem o levou ao Conservatório Musical de São Caetano do Sul, por onde obteve Graduação em Música, constando que após a sua formatura, estudou harmonia tradicional com Osvaldo Lacerda, composição com o maestro italiano Guido Santórsola e harmonia funcional com o musicólogo alemão J.J.Koellrreuter e com Zula de Oliveira e Marilena de Oliveira.
Em seguida, Francisco Araujo freqüentou o Vigésimo Curso de Música, realizado em Santiago de Compostela, na Espanha, em 1986, ministrado por Andrés Segovia e o musicólogo Antônio Iglesias, expressões máximas do teoria do violão e mestres de várias gerações de violonistas de talento.
Além da Graduação em Música, Francisco Araújo bacharelou-se em História, com habilitação em Estudos Sociais, História da Arte e História da Música Brasileira, na Universidade Ibirapuera, em 1991, mas é à música que ele presta todas as reverências, inclusive na condição de mestre e de professor da Pontifícia Universidade Católica da São Paulo.
Participou dos festivais de inverno de Campos do Jordão, nos anos de 1973 e 1974, e foi considerado pela crítica como a maior revelação violonística daqueles festivais, os quais tiveram como diretor o maestro Eleazar de Carvalho, e patrocínio da Secretária de Cultura e Turismo do Estado de São Paulo.
Em 1974 fez sua primeira turnê pelas grandes capitais do Norte e Nordeste do Brasil, na esteira do Projeto Barca da Cultura, criado pelo teatrólogo e escritor Pascoal Carlos Magno e com patrocínio do Plano de Ação Cultural do MEC. Este projeto teve a duração de três meses e tinha como objetivo divulgar o teatro, a música e as artes plásticas nas mais diversas regiões do Brasil.
O ano de 1977 foi decisivo para a carreira musical de Francisco Araújo. Foi neste ano que ele venceu o I Concurso de Composição Para Obras Violonísticas Isaías Sávio, patrocinado pela Universidade de Música Palestrina de Porto Alegre, em convênio com o MEC e a FUNARTE, com sua obra para solo de violão denominada Valsa Virtuosa Nº. 1, editada posteriormente nos Estados Unidos, pela editora Columbia Music Company, de Washington.
Suas atividades em teatros e salas de concertos se intensificam a partir de 1977, marco inicial de sua careira de intérprete e compositor. E suas atividades docentes continuaram intensas no Conservatório Dramático e Musical Dr. Calos de Campos, em Tatuí, São Paulo, durante todo o ano de 1978 e início da década de 1980. Além desse respeitável Conservatório, entre 1995 e 1998 foi Professor da Academia de Música e Arte do Instituto Adventista de Ensino
Em 1998, gravou o primeiro CD, pela CPC-UMES, intitulado De Sertões e Serestas, contendo obras instrumentais para solos de violão, todas de sua autoria, sendo este CD considerado pelos críticos como sendo um divisor de água na história do violão no Brasil. E em 2002 foi a vez do CD Deitando e Rolando, também divulgado com o selo CPC-UMES. E a partir de então não parou mais de crescer a obra desse excepcional instrumentista brasileiro.
Pesquisador incansável da história do violão e um dos maiores teóricos desse importante instrumento musical, Francisco Araújo é autor do livro Violão, Uma História Brasileira, destacando-se também como intérprete dos mais autorizados da música brasileira de formação clássica e erudita.
A sua produção musical para solos de violão é bastante extensa e diversificada, somando mais de quatrocentas obras instrumentais dos mais variados estilos, destacando-se entre elas a Coleção de Valsas Românticas, contendo 90 peças, e os 35 Estudos Técnicos Para Violão, divididos em duas séries: 10 pequenos estudos e a grande série de 25 estudos, sendo esses estudos fruto de sua formação erudita.
Já as suas Sonatas Jazzísticas, para flauta e violão, pertencem à sua produção camerística, entre todas elas merecendo destaque as seguintes: Balé Gitano, Dança Oriental, Danças Exóticas, Seis Prelúdios Apoteóticos, Sete Valsas Virtuosas, Sonata Estilizada e Suite Cigana.
Trata-se, pois, de nome que honra a cultura musical do Ceará e do Brasil e que bem alto eleva o município cearense que o viu nascer.

Fortaleza, outubro de 2010

Sala de Leitura Josè Cândido

Sala de Leitura José Cândido

Hoje acordei feliz. Tenho em mãos, o Binóculo e o livro “Sala de leitura José Cândido Dias - 15 anos”. Quão emocionante compartilhar dessa vitória, da alegria desse conterrâneo de tamanha coragem. Há quinze anos, construiu, e aos poucos equipou, e hoje mantém uma biblioteca com muito esmero e carinho, tarefa que não é fácil. Ah, Como admiro o professor Dias da Silva! Ele não espera acontecer, sozinho vai à luta. Não dar trégua, na aposentaria, arquitetou outra batalha, saiu da sala de aula para reinventar uma sala de leitura, uma biblioteca, fazer poesia, escrever histórias e com sua Luizinha faz a festa.

A sala de leitura José Cândido Dias funciona como um elo, um pólo cultural, oferecendo boas opções de leitura para crianças, jovens e adultos que normalmente não têm acesso ao livro, no distrito, entre outras pessoas dos arredores de Mangabeira, até mesmo gente de cidades vizinhas como Cedro, Várzea Alegre e da sede, Lavras da Mangabeira procuram a Biblioteca para pesquisas em um acervo que conta com mais de 15.000 exemplares.
A ideia do professor Dias da Silva, é que, através da leitura, da literatura o povo da Mangabeira tenha a possibilidade de adquirir conhecimentos e informações, além de entrar em contato com um mundo totalmente novo, desconhecido e atraente. - Capacitar a população para o uso do livro como fator fundamental para seu progresso econômico, político e social, e promover a justa distribuição do saber e da renda. O professor Dias da Silva é sabedor de que só através da oferta de livros que o povo poderá ter acesso à leitura, e com leitura, é que se pode refletir e pensar mais longe.
Uma ação empreendedora como esta merece ser divulgada, proclamada, muito embora Dias da Silva na sua grandeza, na sua sutileza não aceita alardeamento.
Cabe a cada um de nós contribuirmos com exemplos como este para melhorar e mudar nossa sociedade.

Silêncio e Otimismo

Silêncio e otimismo

Rosa Firmo

O silêncio é algo que nos completa em determinados momentos, e é essencial para uma vida sem atropelos. É no silêncio que percebemos como estamos interiormente e como podemos restaurar e aperfeiçoar nossas energias para vivermos otimistas e com mais alegria neste mundo rumoroso como peregrino de essência delicada. Precisamos, pois, silenciar para nos reinventar, escutar a voz do criador e sermos companheiros de nós mesmo.
É real esta necessidade de silêncio para sentirmos plenos, divagar sobre coisas belas, limpar a mente, sobrevoar céus e mares, com o espírito iluminado. O silêncio é uma carícia ao espírito. É preciso que haja um encontro, um toque pessoal, uma descoberta, a ponto de nos fazer interpretar a vida, o mundo, as coisas de modo novo. Quando a clareza e o silêncio fizerem morada em nossa consciência, poderemos então iniciar um caminho de transformação interior, através da interiorização reflexiva e oração meditativas.
Precisamos entender que, cada vez mais não basta declararmos otimistas, experientes, compreensivos e solidários, necessariamente modificarmos nosso modo de perceber as coisas, deitar nosso olhar de compaixão para nós mesmo e também para os que estão ensimesmados ao nosso redor.
Se observarmos a nossa vida, ela nos remete a um pote rachado, com utilidade dupla. Se rachado e cheio d’água, ele vaza e irriga o solo, e as plantas florescem. Se vazio, essa rachadura nos possibilita uma brecha para uma avaliação mais acertada e assim descortinar a beleza interior.
Precisamos sair para os alpendres de nós mesmo e penetrar no mais profundo do nosso íntimo, olhar no âmago de nossa alma e tentar entusiasmar-se com os recursos que possuímos para potencializar nossa esperança e vivermos otimistas.
Acontece que, em certos dias, necessitamos de ficar a sós, numa solidão benfazeja que transporte nossa alma para o infinito para não ficarmos apenas no marasmo da frivolidade cotidiana, muito embora pareça satisfatório; porém de vez em quando convém sobrevoar os campos estrelados da ilusão e sondar o mais íntimo de nosso ser e absorver a essência das pétalas de rosas que cultivadas em nossos corações exalam o precioso aroma.
Precisamos de silêncio para esvaziar nosso ser, e podar os excessos, o atrofiado e arrumar com atenção o que está debilitado. Precisamos de silêncio para não deixar de sermos nós mesmos, para recompor os sentimentos, as emoções, os afetos, as mágoas que ficaram nas gavetas do tempo e atravessar as pontes da esperança e lançar um olhar para a montanha de nossa existência.

Cruzeiro

Cruzeiro
“Para oceanmar há sempre um pedaço de mar.”

Manhã ensolarada, malas prontas, últimos arremates na bagagem de mão para concretizar um sonho, navegar sobre os mares. A saída sem despedidas, minha irmã já tomara seu rumo para não envolver-se com minhas aventuras. Taciturna segurando meu entusiasmo me eximo de demonstrar para ela meu estado de felicidade para não entristecê-la cada vez mais. Dez horas, o Gomes aconselha-me a contactar com o grupo de amigas para o encontro no cais do porto do Mucuripe. Partimos rumo ao sonho, ele incentivando-me e fazendo algumas recomendações, exclarecendo por não compartilhar desta aventura comigo, razões óbvias, por suas tantas idas à Fernando de Noronha durante muitos anos de trabalho na Marinha do Brasil.
Cais do porto do Mucuripe, literalmente um lugar de referências, um dos maiores pólos trigueiros do país. Do saguão não se tem visibilidade para os navios atracados. Ao chegar o salão de embarque estava quaze vazio, de repente enche-se de figuras vindas de diferentes lugares, com destino ao Arquipelago de Noronha a bordo do Bleu De France, em grande estilo.
Dirijo-me ao balcão para os devidos procedimentos de embarque. Enquanto aguardava minhas amigas companheiras de aventura que também fizerem seus check ins. Lidu, Olga, Amélia, Karla Ianara, Dalila, o casal, Aristeu, Marinalva e o garoto Gabriel, o mais animado da turma.
Meio dia, chegou a hora do tão sonhado embarque. Subimos as escadas alegrementes, recepcionadas por um simpático grupo da tripulação com tratamento vip. A partir daquele momento fotografando até o último passageiro ao entrar a bordo, a escada ainda não se fecha, recebe jornalistas, secretário de turismo de Fortaleza, para almoço a bordo com oficiais e chefes de departamentos. Nós não pertenciamos a mais ninguém, nem a si mesmo, o sonho se descortinava. O anúncio pelo sistema sonoro nos convoca à recepção para dar início as instruções para realizarmos o cruzeiro. Abertura de contas e inscrições para escursões em Natal e na ilha. Na permanência do navio atracado no Mucuripe fizemos simulação de emergência com equipamentos de salva-vidas, em seguida ficamos livres para conhecer a embarcação de doze andares. Somente a praça de máquinas não poderia ser visitada. E assim procedemos, devagar, subiamos e decíamos escadas e elevador, por fim dirigímo-nos ao andar panorâmico para deliciarmos a boa gastronomia francesa. Sabe-se que, a cozinha francesa, reputada em todo o mundo pela sua excelência, caracteriza-se por uma grande variedade de pratos, vinhos e queijos, considerados como uns dos melhores do mundo. No bufet do Bleu De France estavam expostos, variados pratos franceses como os famosos baguetes, croissant, patês, outros como, molhos, pastas e queijos, até mesmo o pot-au-feu, uma espécie de cosido, que também apreciamos.
Cinco horas - o sistema sonoro anunciou a partida. Direcionamos para o solarium na polpa da embarcação para melhor apreciarmos o pôr-do-sol e a saída de Fortaleza. Expetáculo ímpar, entusiasmo, animação, nossas e de tantos outros passageiros que encontarvam-se embarcados.
O transatlântico, parte em movimentos lentos e apitos sonoros e tristes. O monstro lotado de viajantes sobre as águas azuis do oceano flutua elegantemente. Passam por ele, outras embarcações. Escureceu, o navio iluminou-se e começa a balançar, inicia-se outras atrações: banhos de picinas, spar, bibliotecas, bares, salão de beleza, jantares no bufet e no restaurante Le Flamboyant, espetáculos etc. Um dos destaques na programação de bordo é para o entretenimento infantil.
Noite, lua, céu e mares, sem solidão; uma atmosfera única, radiosa, de uma efervescência colorida, onírica, mágica. Expectativa transbordante, empolgada, vibrando, oceamando; apenas um embaraço, passei a marear. Situação desagradável, jamais poderia crer. Fico eu, na primeira noite fora das programações, não havia como participar de mais nada, mareada. A companheira de viagem Amélia, me sugeriu tomar uma medicação. Aceitei. Foi tardia, já não mais me segurava. Fui ao Flamboyant apenas para não ficar sozinha na cabine, no entanto não conseguia controlar o enjôo, a saída, recolher-me desanimada. Noite de sono pesado, não percebi mais o embalo do navio sob efeito do dramim. Chegamos em Natal:

Ó! Grandiosa embarcação
Vagarosa, toma o rio, em procissão.
Na luz incandescente matinal,
Alça a Natal querida
Sobre a escuma na costa estendida...
No oitão da estrela vesperal.
Banhistas despreocupados
Despertam extasiados
Com a brancura do navio
Num solene despertar a sorrir
Observam, inertes a entrada triunfal
Da bela embarcação no rio Potengi.

Despertei bem melhorada, preparei-me para a chegada na cidade do sol. Matar a saudade das amigas e daquele cenário lindo. Onze horas da manhã, minhas amigas, Maria do Ceo, Cíntia, Iracema e Lulu, vem ao porto recepicionar-me. Que alegria! Saímos para a praia de Areia Preta e no Farol Bar ficamos confabulando sobre diversos assuntos e saboreando a tradicional e gostosa carne de sol do Caicó. Retornamos ao navio, tarde de animação. Por volta de três horas, outra turma de amigas anunciam que estavam no porto para me ver. A Cássia, Francisca, Lúcia e Terezinha me convidam a descer para nos abraçarmos. Estas com faixas de boas vindas ficaram até a partida da embarcação. Quanta alegria, quanta emoção!
Na cabine começamos eu, Olga e Dalila, os preparativos para noite de gala. Bem produzidas, com os demais da turma, na entrada do restaurante fomos saudadas pelo comandante Augusto Neto, e fotografadas. Coisa de praxe em cruzeiros marítimos. O navio em movimentos lentos, balançava cada vez mais e deixava muita gente mariada. Reccolher-me foi a solução, tomei mais uma dose da medicação indicada pelo infermeiro do navio. Dormi a noite inteira, só acordei ao raiar do dia.
Da janela da cabine vejo a clássica Aurora, o rocsicler com seu róseo encantador na linha do horizonte, subo para o solarium. Sutilmente descortina a decisiva manhã de três de dezembro, mole de sono como pétalas orvalhadas, um up time toma conta de mim, no mirante do navio, entre nuvens, revoadas de atobás, e o assombro da natureza – o sol desperta, é a alegria da chegada no Arquipélago Fernando de Noronha. Deslumbramento, encantamento. Me eximo de descrevê-la na minha pequena condição de amadora, coisa que sempre costumo fazer em viagens, desta vez não coube a mim, estava pois, diante de uma obra fantástica da natureza. Entreguei-me a emoção e vi que cada coisa bela suscitava naguele momento de embevecimento, apenas uma merecida comtemplação, pois tinha de saborear, vivenciar cada coisa em sua plenitude.
No inclinar do dia (3) três, o céu ainda pardacento, subi sozinha ao andar panorâmico. Em comtemplação, ao longe avistei um cardume de golfinhos que parecia saldar os passageiros, uma forte emoção tomou conta de mim.
Canção ao Mar Azul
Ó mar azul
Traz-me o bálsamo
Do teu sal
Para o cerne do meu ser
Encontrar o centro.
Ó mar azul
Traz-me essa cor que me acalma
Transcende meu ser
Alimenta minha alma.
Ó mar azul
Traz-me essa fonte de energia
Renova minhas forças
Para aumentar minha alegria.
Ó mar azul
Traz-me a mansidão dos golfinhos
Para cultivar em mim a inteireza
Manter em mim a sanidade
Complementar minha natureza.
Logo depois do café iniciamos outras aventuras. A bordo de um barco, eu minhas amigas e muitos outros passageiros embarcamos rumo as praias de águas claras com uma parada na baía dos golfinhos, onde tivemos a grata satisfação de vê-los em cardumes em suas belas cambalhotas, um expetáculo maravilhoso e emocionante, provocando frison a todos. Visitamos as principais praias: Do Boldró, Baía do Sancho, Bode, Quixabinha, Meio, Cahorro, Cacimba, Padre, Conceição etc.
No dia seguinte fizemos a escursão terrestre. Visitamos de buggy parte da ilha, os principais pontos turísticos, Morro dos dois irmãos, Morro do pico Centro Histórico, Forte de N. Senhora dos Remédio, e algumas das praias paradisíacas já visitadas de barcos; fomos apreciá-las de fora por terra. Lidu com sua filmadora, registrava tudo. Fernando de Noronha, um arquipélago de paraíso ecológico e turístico brasileiro, fica localizado no oceano atlântico a leste do litoral do Rio Grande do Norte. É um distrito estadual pertencente ao estado de Pernambuco.
Nossa permanência lá durou numa faixa de trinta horas, período permitido pela admimistração da ilha. Nesse mesmo dia, (4) quatro de dezembro por volta das(14hmin) quatorze horas, deixamos a ilha de volta para Fortaleza, o transatlãntico afastou-se silêncioso, de modo que nosso companheiro de viagem o garoto Gabriel, ao perceber ficou triste, rescentido por não querer aceitar que o cruzeiro estava terminando. Outra vez subimos para o solarium para contemplarmos o pôr-do-sol. Desta vez juntamo-nos a outros companheiros que conhecemos no navio e fizemos uma corrente de oração. E quanto tempo ficamos assim, aparentemente imóveis... nessa contemplação - nesse mergulho na natureza parecíamos ser as únicas pessoas que existiam naquela embarcação sobre as ondas daquele imenso e profundo mar azul e sereno. Mas, sabíamos que, outros poderiam estar sentindo o mesmo espanto a mesma emoção que nós estavamos sentindo. A noite bordada de estrelas, surge esplendorosa, e todos são convidados pelo animador do navio para última festa no grande salon, voltamos para as cabines para uma produção especial da noite de despedida. Olga, vestiu-se a caráter, estava estilosa. O grande salon ficou repleto. A vez era do turista, do nosso grupo, a garota Dalila encantou a todos com sua bela voz.
Com o mar de vento em polpa, a embarcação flutuava tranquila, muitos passageiros recolheram-se em suas cabines, Aristeu, Marinalva, entre outros ficaram aproveitando as últimas atrações e desfrutando do bela paisaigem noturna sobre as ondas.
O tempo discorreu veloz, a noite foi ingrata, passou como um raio; ao raiar do dia (6) seis, sonolenta escutei as vozes dos carregadores de malas. Abri as cortinas, vi que estávamos chegando em Fortaleza, entre o sol que despertava e os arranhas-céus bordando a orla marítima. Via-se o rebocador cercando o transatlântico, subi para apreciar do andar panorâmico com uma certa tristeza, por deixar um ambiente atraente e sedutor. A segunda-feira fervilhava em Fortaleza, depois do navio atracar, com a alta temperatura ambiente nos obrigava a saboearmos sucos, frutas e o croissant como despedida. Assim, deixamos o Bleu De France.

Rosa Firmo