terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Silêncio e Otimismo

Silêncio e otimismo

Rosa Firmo

O silêncio é algo que nos completa em determinados momentos, e é essencial para uma vida sem atropelos. É no silêncio que percebemos como estamos interiormente e como podemos restaurar e aperfeiçoar nossas energias para vivermos otimistas e com mais alegria neste mundo rumoroso como peregrino de essência delicada. Precisamos, pois, silenciar para nos reinventar, escutar a voz do criador e sermos companheiros de nós mesmo.
É real esta necessidade de silêncio para sentirmos plenos, divagar sobre coisas belas, limpar a mente, sobrevoar céus e mares, com o espírito iluminado. O silêncio é uma carícia ao espírito. É preciso que haja um encontro, um toque pessoal, uma descoberta, a ponto de nos fazer interpretar a vida, o mundo, as coisas de modo novo. Quando a clareza e o silêncio fizerem morada em nossa consciência, poderemos então iniciar um caminho de transformação interior, através da interiorização reflexiva e oração meditativas.
Precisamos entender que, cada vez mais não basta declararmos otimistas, experientes, compreensivos e solidários, necessariamente modificarmos nosso modo de perceber as coisas, deitar nosso olhar de compaixão para nós mesmo e também para os que estão ensimesmados ao nosso redor.
Se observarmos a nossa vida, ela nos remete a um pote rachado, com utilidade dupla. Se rachado e cheio d’água, ele vaza e irriga o solo, e as plantas florescem. Se vazio, essa rachadura nos possibilita uma brecha para uma avaliação mais acertada e assim descortinar a beleza interior.
Precisamos sair para os alpendres de nós mesmo e penetrar no mais profundo do nosso íntimo, olhar no âmago de nossa alma e tentar entusiasmar-se com os recursos que possuímos para potencializar nossa esperança e vivermos otimistas.
Acontece que, em certos dias, necessitamos de ficar a sós, numa solidão benfazeja que transporte nossa alma para o infinito para não ficarmos apenas no marasmo da frivolidade cotidiana, muito embora pareça satisfatório; porém de vez em quando convém sobrevoar os campos estrelados da ilusão e sondar o mais íntimo de nosso ser e absorver a essência das pétalas de rosas que cultivadas em nossos corações exalam o precioso aroma.
Precisamos de silêncio para esvaziar nosso ser, e podar os excessos, o atrofiado e arrumar com atenção o que está debilitado. Precisamos de silêncio para não deixar de sermos nós mesmos, para recompor os sentimentos, as emoções, os afetos, as mágoas que ficaram nas gavetas do tempo e atravessar as pontes da esperança e lançar um olhar para a montanha de nossa existência.

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