quarta-feira, 1 de agosto de 2012


RIACHO SANTO 

Alzir Oliveira

Sumiu da minha infância o campo belo,
Mergulhado em turbilhão de água barrenta,
Das planas terras vasto lago se apossou,
Investiu contra colinas e barrancos,
Velhos coqueiros, testemunhas de outros tempos,
Frondosa margem de um riacho santo,
Rosário longo que já não se reza,
Palco de histórias que já não se contam,
Soterrada a memória e a gente franca,
Que viveu anos a fio - velha planta.

Do fundo das águas, ecoando, se ouvirão
Os gritos do vaqueiro Cuné,
As histórias de Lixande Leite,
As gargalhadas de Dão,
As rezas de Rita Vieira,
As vozes dos penitentes da Semana Santa...

Por sobre as águas, um movimento esquecido;
Na superfície, uma vasta solidão.

06/03/03 
1-       Riacho do Rosário, município de Lavras da Mangabeira, ribeira bastante povoada até a década de 60, hoje transformada em barragem que cobriu uma vasta extensão, exatamente aquela extensão que a minha infância alcançava.

Um comentário:

  1. Alzir é uma figura encantadora, homem culto e de uma simplicidade invejável.

    Este poema revela seu carinho por sua terra natal.

    Aplausos.

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