domingo, 22 de julho de 2012


Um Adeus. Uma Saudade

 Nazaré por longas décadas atravessou caminhos sinuosos com paciência e resignação. Uma infância devotada às tarefas domésticas para ajudar seus pais na condução de granjear uma família numerosa. Sendo ela a mais velha foi babá da maioria de seus irmãos, além do trabalho árduo da roça, ela foi professora de catequese e também costureira da família. Catequisou seus irmãos, e primos, entre muitas outras crianças que residiam aos arredores no Sítio Tapera.

Como costureira curiosa, ela era muito meticulosa, media tudo na ponta do lápis. Mesmo sem os recursos necessários, costurava todo tipo de roupas, até paletó de linho ela chegou a confeccionar; apenas com um rápido curso que fez em Cedro, convidada por sua irmã Rosinha de Pedrinho.

Muito obediente aos pais, Nazaré pautou sua vida com muita retidão. Personalidade forte, não fazia distinção a nenhuma pessoa do seu convívio. Era a filha estremada de Guilhermina e Ioiô, por ser muito obediente. Carrega consigo o dom de uma mártir.

Vocacionada para a vida religiosa, seu desejo não se consolidou. Sua carreira foi tolhida por caprichos de seu pai. Suplantou seu maior sonho para cumprir obediência. Carregou este desengano pela vida a fora por não cumprir-se o seu ideal de ser freira.

Sendo ela amiga de Ilza Machado, uma congregada religiosa, sublimou seu desejo dedicando-se a Irmandade de “Filhas de Maria”, junto a sua grande amiga, devotando a vida com trabalhos pastorais e retiros espirituais, em Lavras.

 Na sua vida predestinada para o sofrimento, ainda jovem, Nazaré foi vítima de uma doença discriminatória que maculou sua vida, sua história, um estigma infame que perdurou por muitos anos, contudo, sobreviveu com resignação.

Sabemos que Deus nunca nos abandona. Nazaré experimentou por um curto período a alegria de realizar um sonho oculto. Casar-se. Ela contraiu núpcias com José Machado, essa prerrogativa durou pouco tempo, ao completar nove anos de casados, Deus levou o seu amado José. Logo após sua viuvez, Rosinha sua irmã acolheu-a na sua casa em Cedro, onde ficou por alguns anos, em seguida passou a morar sozinha em sua casinha em Cedro. Com os problemas de saúde agravados Toinha e Sevé suas irmãs dedicaram assistência até seu último momento. Resta-nos a saudade silenciosa como a bruma e as lembranças que ficaram eternizadas como dramas.

As lembranças constroem um caminho que chega até o nossa alma e consegue ensinar a dizer adeus às pessoas que amamos, sem tirá-las do coração.


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