Um
Adeus. Uma Saudade
Nazaré por longas décadas atravessou caminhos
sinuosos com paciência e resignação. Uma infância devotada às tarefas
domésticas para ajudar seus pais na condução de granjear uma família numerosa.
Sendo ela a mais velha foi babá da maioria de seus irmãos, além do trabalho
árduo da roça, ela foi professora de catequese e também costureira da família.
Catequisou seus irmãos, e primos, entre muitas outras crianças que residiam aos
arredores no Sítio Tapera.
Como costureira curiosa, ela
era muito meticulosa, media tudo na ponta do lápis. Mesmo sem os recursos
necessários, costurava todo tipo de roupas, até paletó de linho ela chegou a
confeccionar; apenas com um rápido curso que fez em Cedro, convidada por sua
irmã Rosinha de Pedrinho.
Muito obediente aos pais,
Nazaré pautou sua vida com muita retidão. Personalidade forte, não fazia
distinção a nenhuma pessoa do seu convívio. Era a filha estremada de
Guilhermina e Ioiô, por ser muito obediente. Carrega consigo o dom de uma
mártir.
Vocacionada para a vida
religiosa, seu desejo não se consolidou. Sua carreira foi tolhida por caprichos
de seu pai. Suplantou seu maior sonho para cumprir obediência. Carregou este
desengano pela vida a fora por não cumprir-se o seu ideal de ser freira.
Sendo ela amiga de Ilza
Machado, uma congregada religiosa, sublimou seu desejo dedicando-se a Irmandade
de “Filhas de Maria”, junto a sua grande amiga, devotando a vida com trabalhos
pastorais e retiros espirituais, em Lavras.
Na sua vida predestinada para o sofrimento,
ainda jovem, Nazaré foi vítima de uma doença discriminatória que maculou sua
vida, sua história, um estigma infame que perdurou por muitos anos, contudo,
sobreviveu com resignação.
Sabemos que Deus nunca nos
abandona. Nazaré experimentou por um curto período a alegria de realizar um
sonho oculto. Casar-se. Ela contraiu núpcias com José Machado, essa
prerrogativa durou pouco tempo, ao completar nove anos de casados, Deus levou o
seu amado José. Logo após sua viuvez, Rosinha sua irmã acolheu-a na sua casa em
Cedro, onde ficou por alguns anos, em seguida passou a morar sozinha em sua
casinha em Cedro. Com os problemas de saúde agravados Toinha e Sevé suas irmãs
dedicaram assistência até seu último momento. Resta-nos a saudade silenciosa
como a bruma e as lembranças que ficaram eternizadas como dramas.
As lembranças constroem um caminho
que chega até o nossa alma e consegue ensinar a dizer adeus às pessoas que amamos,
sem tirá-las do coração.
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